quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Viva a crise aérea

Quando eu entrei pela primeira vez em um aeroporto fiquei fascinada e imediatamente após, indignada. Sim, porque durante anos freqüentei rodoviárias e como tantos milhões de brasileiros, padeci com a precariedade no atendimento. Nada de carrinhos, elevadores ou rampas para os passageiros se deslocarem com suas respectivas malas. Na Rodoviária Novo Rio, naquela época, uma escadaria digna de pagar promessas servia de acesso aos terminais de embarque. A Rodoviária de BH ainda mantém essa tradição, tanto no desembarque quanto no embarque. Você sobe e desce com mala e cuia, e fica imaginando que o concessionário não toma providências porque só usa aeroporto. A qualidade do serviço, ali, pode ser assim metaforizada: uma mala sem alça e com rodinha.
Mas isso vem mudando, graças à crise aérea. Bastou que a classe economicamente privilegiada se debandasse para as proletárias rodoviárias que alguns serviços passaram a ser disponibilizados. No Rio e em Juiz de Fora já existem carrinhos para transporte de malas e as escadas foram substituídas por rampas.
Isso não significa, entretanto, que finalmente se instituiu um tratamento igualitário neste país. Infelizmente, não. O que não foi possível separar, é melhoria disponibilizada a todos os usuários. Mas o tempo de espera não é compartilhado. Para os mais abastados, criaram, também as salas VIP. Fazer o que, né?

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